quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Auto-retrato

De dentro pra fora sou pessoa, de fora pra dentro também. Minha essênciα e beleza estão no meu cαráter. Acredito em sonhos, não em utopiα, mαs quαndo sonho, sonho alto, sonho grande. Costumo dizer que estou αqui prα viver, pra αprender, e só seguir em frente. Sou isso hoje... Amαnhã, já não sei: me reinventei. Reinvento-me toda vez que α vidα exige mαis de mim. Sou complexα, sou misturα, sou menina com cαrα de mulher e vice-versα, me perco, me procuro, me αcho e quando necessário, enlouqueço e começo tudo de novo... Não me dou pela metαde, não sou tuα meio amigα nem teu quαse αmor ou sou tudo ou sou nαda, não suporto meio termo. Sou bobα, mαs não sou burrα, ingênuα, mαs não sαntα, sou pessoα de riso e choro fáceis, por tudo isso, cuidado comigo...

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Fita métrica

Que referência uso para
medir um poema,
alcance ou tamanho?

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Exato!

Um mais um, são dois.
Um menos um, zero.
A morte é matemática.
A vida, não.
A vida é delicada e inexata.
É pra quem sabe poesia.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Em preto e branco...

De 10 a 22 de novembro os porto-alegrenses terão o prazer de assistir ao esperadíssimo documentário de José Padilha Garapa, fome e miséria. A estréia será no Cinebancários, Rua General Câmara, 424, Centro, com sessões as 15h, 17h e 19h.
A intenção do cineasta era a de fazer um filme "(...) o mais simples possível, com o mínimo de alegorias e de informações que fossem além da história daquelas famílias "
Além disso com o documentário é possível apalparmos dados e estatísticas como as que o próprio diretor aponta: "Hoje, o mundo gasta mais de US$ 1 trilhão por ano com armas. Custariam, segundo a FAO, US$ 30 bilhões por ano para resolver o problema da fome. Quarenta vezes menos. Pode-se argumentar que, no fim das contas, a fome existe porque a sociedade humana é incapaz de se organizar priorizando a alocação de recursos a partir de valores humanos."

Programação:

De 16 de outubro a 29 de novembro os armazéns do Cais do Porto, o Santander Cultural e o Margs sediam exposições e atividades da 7ª Bienal do Mercosul: Grito e Escuta. Buscando valorizar o artista como ator social e produtor de sentido crítico a mostra de arte, que tem curadoria geral da argentina Victoria Noorthoorn e do chileno Camilo Yáñez, apresenta sete exposições: Biografias Coletivas, Ficções do Invisível, Absurdo, Texto Público, A Árvore Magnética, Projetáveis e Desenhos das Ideias.

Diario de una ninfomana (2008)


O filme é baseado na vida da escritora Valere Tasso, que escreveu suas experiências e publicou em livro de mesmo título do filme. Apenas na Espanha, a obra chegou a vender mais de 200 mil exemplares.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009



"Quando o senhor, também conhecido como deus, se apercebeu de que a adão e eva, perfeitos em tudo o que apresentavam à vista, não lhes saía uma palavra da boca nem emitiam ao menos um simples som primário que fosse, teve de ficar irritado consigo mesmo, uma vez que não havia mais ninguém no jardim do éden a quem pudesse responsabilizar pela gravíssima falta, quando os outros animais, produtos, todos eles, tal como os dois humanos, do faça-se divino, uns por meio de mugidos e rugidos, outros por roncos, chilreios, assobios e cacarejos, desfrutavam já de voz própria. Num acesso de ira, surpreendente em quem tudo poderia ter solucionado com outro rápido fiat, correu para o casal e, um após outro, sem contemplações, sem meias-medidas, enfiou-lhes a língua pela garganta abaixo.
Dos escritos em que, ao longo dos tempos, vieram sendo consignados um pouco ao acaso os acontecimentos destas remotas épocas, quer de possível certificação canónica futura ou fruto de imaginações apócrifas e irremediavelmente heréticas, não se aclara a dúvida sobre que língua terá sido aquela, se o músculo flexível e húmido que se mexe e remexe na cavidade bucal e às vezes fora dela, ou a fala, também chamada idioma, de que o senhor lamentavelmente se havia esquecido e que ignoramos qual fosse, uma vez que dela não ficou o menor vestígio, nem ao menos um coração gravado na casca de uma árvore com uma legenda sentimental, qualquer coisa no género amo-te, eva. Como uma coisa, em princípio, não deveria ir sem a outra, é provável que um outro objectivo do violento empurrão dado pelo senhor às mudas línguas dos seus rebentos fosse pô-las em contacto com os mais profundos interiores do ser corporal, as chamadas incomodidades do ser, para que, no porvir, já com algum conhecimento de causa, pudessem falar da sua escura e labiríntica confusão a cuja janela, a boca, já começavam elas a assomar. Tudo pode ser. Evidentemente, por um escrúpulo de bom artífice que só lhe ficava bem, além de compensar com a devida humildade a anterior negligência, o senhor quis comprovar que o seu erro havia sido corrigido, e assim perguntou a adão, Tu, como te chamas, e o homem respondeu, Sou adão, teu primogénito, senhor. Depois, o criador virou-se para a mulher, E tu, como te chamas tu, Sou eva, senhor, a primeira dama, respondeu ela desnecessariamente, uma vez que não havia outra. Deu-se o senhor por satisfeito, despediu-se com um paternal Até logo, e foi à sua vida. Então, pela primeira vez, adão disse para eva, Vamos para a cama."
Até as letras minúsculas, ao invés das maíusculas tão atribuídas por todos - crentes ou não, são uma sacada que só o Grande Saramago poderia ter...