Bom dia, meu filho. Digo ‘bom dia’ porque minha intenção é escrever uma carta tão ensolarada pra você que espero que ela seja lida de manhã, com as janelas bem abertas e com os passarinhos cantando alto.
Daqui há dez anos, já vou ser sua mãe, mas hoje ainda sou outra coisa que você não vai poder conhecer. Tudo bem. Nem todas as coisas nos esperam para acontecer.
E é por isso que eu estou te escrevendo, porque eu queria muito que você soubesse o cheiro que o meu cabelo tem agora aos vinte e poucos anos.
E que hoje ele está castanho e comprido, mas já foi loiro também.
E que hoje ele está castanho e comprido, mas já foi loiro também.
Eu queria que você soubesse que eu não perco uma oportunidade de dançar, mesmo que eu esteja no ônibus ou no meu quarto, mesmo que não tenha música, ou que tenha só na minha cabeça.
Sou assim, filho. Fico feliz quando vejo uma borboleta, um filme bom e quando leio um livro surpreendente ou uma poesia bonita.
Borboleta é um bichinho colorido que eu vou te mostrar um dia, filme bom veremos muitos juntos e poesia vou te escrever até o fim da minha vida.
Borboleta é um bichinho colorido que eu vou te mostrar um dia, filme bom veremos muitos juntos e poesia vou te escrever até o fim da minha vida.
Hoje, meu amor, sou uma menina que perde todos os papéis e chaves de casa, mas não tenha medo, eu juro que vou saber cuidar bem de você.
Quero que você saiba que eu pinto as unhas de azul e acredito tanto no amor incondicional/eterno, que abro cada vez mais os braços para que ele ganhe o mundo.
Espero que quando você estiver lendo esta carta, o relógio já venha com 3 ponteiros, ao invés de dois: minuto, segundo e alegria. O ponteiro da alegria vai indicar a hora de sorrir e brincar.
Mas espero mais ainda que você entenda que o tempo linear é menos importante do que o tempo que você quer que as coisas durem.
Ai, filho, só agora me lembrei que talvez você nem saiba ler ainda.
Não tem problema, deita aqui que eu leio pra você antes de dormir.