domingo, 23 de outubro de 2011






Cinema Americano

Thaís Gulin

Tão homem tão bruto tão coca-cola nego tão rock n'roll
Tão bomba atômica tão amedrontado tão burro tão desesperado
Tão jeans tão centro tão cabeceira tão Deus
Tão raiva tão guerra tanto comando e adeus
Tão indústria tão nosso tão falso tão Papai Noel
Tão Oscar tão triste tão chato tão homem Nobel
Tão hot dog tão câncer social tão narciso
Tão quadrado tão fundamental
Tão bom tão lindo tão livre tão Nova York
Tão grana tão macho tão western tão Ibope
Racistas paternalistas acionistas
Prefiro os nossos sambistas
A ponte de safena Hollywood e o sucesso
O cinema a Casa Branca a frigideira e o sucesso
A Barra da Tijuca Hollywood e o sucesso
Prefiro os nossos sambistas
Prefiro o poeta pálido anti-homem que ri e que chora
Que lê Rimbaud, Verlaine, que é frágil e que te adora
Que entende o triunfo da poesia sobre o futebol
Mas que joga sua pelada todo domingo debaixo do sol
Prefere ao invés de Slayer ouvir Caetano ouvir Mano Chao
Não que Slayer não seja legal e visceral
A expressão do desespero do macho americano é normal
Esse medo da face fêmea dita por Cristo é natural
É preciso mais que um soco pra se fazer um som um homem um filme
É preciso seu amor seu feminino seu suíngue
Pra ser bom de cama é preciso muito mais do que um pau grande
É preciso ser macho ser fêmea ser elegante
Prefiro os nossos sambistas

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Sobre como amar uma mulher

“Você pode não ser o primeiro homem dela, o último homem dela ou o único homem dela. Ela amou antes, pode ser que ela ame de novo. Mas se ela se ama agora, o que mais importa? Ela não é perfeita - você também não é, e vocês dois podem nunca ser perfeitos juntos, mas se ela te faz rir, te faz pensar duas vezes, e admite ser humana e cometer erros, segure-se a ela e dê a ela o máximo que você puder. Ela pode não estar pensando em você a cada segundo do dia, mas ela te dará uma parte dela que ela sabe que você pode quebrar - o coração dela. Então não machuque ela, não mude ela, não analise e não espere mais do que ela pode dar. Sorria quando ela te fizer feliz, diga a ela quando ela te deixar com raiva, e sinta a falta dela quando ela não estiver por perto.”


Bob Marley

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

A nitidez das páginas viradas

A conversa foi a seguinte:

- Isso faz parte do seu passado.
- Não. Isso faz parte de mim.

O meu passado é meu. Só meu. E não há como desconectá-lo de mim. Os gritos do que passou ainda ecoam na minha cabeça e no meu coração. Tudo o que faço, penso e sou hoje é o reflexo desse espelho que pode até estar sujo, quebrado e escondido; mas ainda reflete com as cenas de ontem. E só eu e ele sabemos como foi. A nitidez das páginas viradas ainda me assusta.

Não me peçam para esquecer o passado. Não me peçam para deixar pra lá.

Meu passado é cicatriz. É a marca de que vivi. Sinal de aprendizado, dor, angústia, derrota, vitória e suor. É o livro que eu consulto para saber se o caminho à frente é seguro. Um livro que mostra aquilo que sou, aquilo que fizeram de mim e aquilo que eu fiz dos outros.

Lá atrás estão todos os meus sonhos e pesadelos realizados. A prova de que felicidade e tristeza têm rosto, cheiro, textura e sabor. Tudo isso um pouco idealizado por uma cabeça que tem mania de ver poesia em tudo; mas são verdades.

Me agarro ao que passou pra poder acreditar no que vem pela frente. Não há futuro sem saber o que ficou pra trás.

Então não. Não me venha com essa de virar a página.