segunda-feira, 29 de agosto de 2011

"Me ensina?"

ela disse enquanto ele dizia qualquer coisa sobre o mar... "Me ensina"... Uma das frases mais sexy´s do mundo. Quer dizer, a frase que deixa tudo no mundo mais sexy. Como quando alguém pega um taco de golf, olha pro instrutor e empinando bem o quadril entoa: "me ensina?", ou então, alguém com voz trêmula e olhar vulnerável que, diante da primeira experiência sexual, olha pra parceira e diz: "me ensina?"... 
Se "me ensina" não é a frase mais sexy do mundo, ela só não é por causa de outra frase tão sexy quanto: "te ensino". E foi o que ele disse, olhando de maneira constrangedoramente penetrante dentro dos olhos dela. 
Logo ela, que queria desbravar o novo, via o filme se repetir de modo que, ainda que fossem novos protagonistas, as atuações se davam de maneira cíclica e premonitória. Ela sabia tudo o que ia acontecer, e isso fazia com que tudo o que ela quisesse acontecesse.
Logo ele, acostumado com diversos casos fortuitos e simultâneos, que só queria levá-la pra cama, nem se dava conta que ela o estava levando a um lugar muito mais longe.
Logo os dois que não podiam se encontrar, se encontraram.
Logo agora.
Logo, mais...

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Minha doce casinha...


minha futura sala de jantar, sem tirar nem por. 

quadro: grafiteiro de são paulo 




parede do meu lavabo




musa inspiradora

segunda-feira, 22 de agosto de 2011



Aperte o play e leia...










Caso do Vestido




Carlos Drummond de Andrade




Nossa mãe, o que é aquele vestido, naquele prego?

Minhas filhas, é o vestido de uma dona que passou.

Passou quando, nossa mãe? Era nossa conhecida?

Minhas filhas, boca presa. Vosso pai evém chegando.

Nossa mãe, dizei depressa que vestido é esse vestido.

Minhas filhas, mas o corpo ficou frio e não o veste. O vestido, nesse prego, está morto, sossegado.

Nossa mãe, esse vestido tanta renda, esse segredo!

Minhas filhas, escutai palavras de minha boca. Era uma dona de longe, vosso pai enamorou-se. E ficou tão transtornado, se perdeu tanto de nós,  se afastou de toda vida, se fechou, se devorou, chorou no prato de carne, bebeu, brigou, me bateu, me deixou com vosso berço, foi para a dona de longe, mas a dona não ligou. Em vão o pai implorou. Dava apólice, fazenda, dava carro, dava ouro,  beberia seu sobejo, lamberia seu sapato. Mas a dona nem ligou. Então vosso pai, irado, me pediu que lhe pedisse, a essa dona tão perversa, que tivesse paciência e fosse dormir com ele...

Nossa mãe, por que chorais? Nosso lenço vos cedemos.

Minhas filhas, vosso pai chega ao pátio.  Disfarcemos.

Nossa mãe, não escutamos pisar de pé no degrau.

Minhas filhas, procurei aquela mulher do demo. E lhe roguei que aplacasse de meu marido a vontade.

Eu não amo teu marido, me falou ela se rindo. Mas posso ficar com ele se a senhora fizer gosto, só pra lhe satisfazer, não por mim, não quero homem. 

Olhei para vosso pai, os olhos dele pediam. Olhei para a dona ruim,  os olhos dela gozavam. O seu vestido de renda, de colo mui devassado,  mais mostrava que escondia as partes da pecadora. Eu fiz meu pelo-sinal, me curvei... disse que sim. Sai pensando na morte, mas a morte não chegava. Andei pelas cinco ruas, passei ponte, passei rio, visitei vossos parentes, não comia, não falava, tive uma febre terçã, mas a morte não chegava. Fiquei fora de perigo, fiquei de cabeça branca, perdi meus dentes, meus olhos, costurei, lavei, fiz doce, minhas mãos se escalavraram, meus anéis se dispersaram, minha corrente de ouro pagou conta de farmácia. Vosso pais sumiu no mundo. O mundo é grande e pequeno. Um dia a dona soberba me aparece já sem nada, pobre, desfeita, mofina, com sua trouxa na mão.Dona, me disse baixinho, não te dou vosso marido, 
que não sei onde ele anda. Mas te dou este vestido, última peça de luxo que guardei como lembrança daquele dia de cobra, da maior humilhação. Eu não tinha amor por ele, ao depois amor pegou. Mas então ele enjoado confessou que só gostava de mim como eu era dantes. Me joguei a suas plantas, fiz toda sorte de dengo, no chão rocei minha cara, me puxei pelos cabelos, me lancei na correnteza, me cortei de canivete, me atirei no  sumidouro, bebi fel e gasolina, rezei duzentas novenas, dona, de nada valeu: vosso marido sumiu. Aqui trago minha roupa que recorda meu malfeito de ofender dona casada pisando no seu orgulho. Recebei esse vestido e me dai vosso perdão. Olhei para a cara dela, quede os olhos cintilantes? quede graça de sorriso, quede colo de camélia? quede aquela cinturinha delgada como jeitosa? quede pezinhos calçados com sandálias de cetim? 
Olhei muito para ela, boca não disse palavra. Peguei o vestido, pus nesse prego da parede. Ela se foi de mansinho e já na ponta da estrada vosso pai aparecia. Olhou pra mim em silêncio, mal reparou no vestido e disse apenas:

Mulher, põe mais um prato na mesa. Eu fiz, ele se assentou, comeu, limpou o suor, era sempre o mesmo homem, comia meio de lado e nem estava mais velho. O barulho da comida na boca, me acalentava, me dava uma grande paz, um sentimento esquisito de que tudo foi um sonho, vestido não há... nem nada.

Minhas filhas, eis que ouço vosso pai subindo a escada.


sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Sobre meninas e mulheres

Meninas esperam você ligar, mulheres te ligam, sem problema.
Meninas encaram para depois ignorar, mulheres só te olham quando te escolhem.
Meninas reclamam do futebol, mulheres assistem aos jogos com você.
Meninas ligam para o que você tem, mulheres se importam com o que você é.
Meninas ligam para o que as amigas falam, mulheres se importam com o que sentem.
Meninas condicionam seus carinhos, mulheres dão carinho incondicionalmente.
Meninas reclamam dos meninos que ainda não são homens, mulheres os transformam...

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Nova fase


Como amo, respiro, vivo e dependo da música, a partir de hoje, cada post vai ser embalado pela música do momento...
Pra começarmos:






Ah, o novo fundo, é a fotografia, tirada por mim, de uma porta no Bairro Les Halles, em Paris.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Vai entender...


O costume é a sedimentação de práticas que, com a repetição, vão se tornando amplamente aceitas e até mesmo obrigatórias.


Ela recusando a bebida oferecida: Não, obrigada.
Ele: Ué, tá dirigindo?
Ela: Não, eu não bebo...
Ele: De ressaca?
Ela: Não.
Ele: Promessa?
Ela: Não.
Ele: Dieta?
Ela: Não...
Ele enquanto se afasta pensa: Que coisa, deve ser alcoolatra...